DISCURSO DO PRESIDENTE DA ARBL NO JANTAR DE DISTRIBUIÇÃO DE PRÉMIOS DA ÉPOCA 2008
Estimado Presidente da Federação
Portuguesa de Bridge,
Directores da FPB
Dirigentes dos Clubes Associados da ARBL
Monitores,
Árbitros,
Praticantes,
Caros Colegas de Direcção,
Quero começar por agradecer a vossa resposta positiva ao
nosso convite.
Como saberão, o principal objectivo desta reunião
é distinguir os Clubes e os Praticantes que obtiveram as
melhores classificações nas competições
de equipas da ARBL, da época passada. Trata-se de uma prática
que a ARBL considera essêncial no quadro da actividade desportiva
e que, por isso, iremos manter.
Considerámos também que a entrega dos troféus
poderia constituir uma oportunidade para reunir Dirigentes, Árbitros
e Formadores, todos nós Praticantes, num ambiente diferente
do que é habitual, longe do "top" ou do "zero"
que acabámos de apanhar e sem o efeito, por vezes perverso,
das mãozinhas que acabámos de jogar.
Espero pois que o jantar vos tenha agradado e que tenham tido
a oportunidade para conviver e trocar impressões sobre
temas que a todos nos dizem respeito.
Dito isto, tenho duas informações para vos dar:
uma má e uma boa. A má, é que não
resisti à tentação de escrevar algumas linhas
para vos ler nesta ocasião. A boa, é que irei ser
breve.
A situação do Bridge, como de resto quase tudo no
nosso País, não é boa.
O número de praticantes é escasso e o esforço
de captação e formação de novos praticantes,
que tem vindo a ser feito por alguns Clubes, Escolas de Bridge,
outras Organizações e pela ARBL, tem pouco mais
que compensado o número de praticantes que abandonam o
Bridge Federativo.
As marcas e os reflexos deixados por políticas e medidas
elitistas vão ser difíceis de corrigir. Quero aqui
enaltecer o esforço da actual Direcção da
FPB de aproximação aos Filiados e aos Praticantes,
consubstanciada em medidas relevantes, como são a distribuição
dos cartões de praticante, a permanente actualização
do ranking e o apoio financeiro que tem prestado aos projectos
de formação e de divulgação da modalidade
que lhe têm sido apresentados.
Todos estamos conscientes dos impactos negativos que têm
na modalidade a crise económica, a falta de apoios institucionais,
a generalização da internet e as alternativas de
desportos e de lazer que se apresentam hoje em dia. Seria muito
maçador, para todos, aproveitar esta ocasião para
dissertar sobre estes condicionalismos à nossa actividade.
Há no entanto um assunto, que pela sua oportunidade e relevância,
não quero deixar de mencionar.
Em 31 de Dezembro de 2008 foi publicado o Decreto-Lei que estabelece
um novo Regime Jurídico das Federações Desportivas
e que regulamenta a Lei de Bases da Actividade Física e
do Desporto, publicada em 2007.
O actual modelo federativo, não sendo perfeito, contém
mecanismos que garantem a representatividade dos Clubes e das
suas Associações, o que significa que os praticantes
dispõem de um veículo de participação
activa nas decisões federativas: o seu Clube.
O conteúdo do decreto regulamentar publicado no final de
2008, representa, no meu entender, uma série ameaça
ao bom funcionamento e ao desenvolvimento do Bridge Desportivo.
O modelo de organização agora preconizado, modelo
esse elaborado claramente a pensar no futebol e em poucas outras
modalidades com um grande número de Clubes e de praticantes,
não se adequa à dimensão da nossa Federação
e às características da nossa modalidade.
A eventual implementação desse modelo, na FPB, iria
causar grandes danos e, no meu entender poderá mesmo conduzir
à extinção do Bridge Federativo.
Cabe à Federação zelar pelo bom funcionamento
da modalidade e, como tal, não permitir que essa situação
se verifique. Mas a Federação, na prática
somos todos nós: Clubes, praticantes e dirigentes.
Lanço pois daqui dois apelos:
- Aos dirigentes federativos, que se empenhem na defesa das bases
do actual modelo federativo;
- Aos Clubes e aos seus dirigentes, que participem na discussão
e nas decisões que terão de ser tomadas sobre este
assunto e que façam valer os vossos interesses e os interesses
dos vossos praticantes.
Muito obrigado pela vossa atenção.