O desdobramento dos trunfos
Quando
estudámos as técnicas de fazer vazas, foi dito
que, em contratos de ST, o número máximo de vazas
possíveis num determinado naipe era igual ao número
de cartas existentes nesse naipe, na mão mais comprida.
Com o aparecimento dos contratos trunfados, esta regra sofreu
alterações significativas. Atente-se no exemplo
seguinte:
Sul joga 4ª
Saída: §A |
ªAV76
©A842
¨R9
§753 |
|
A defesa começou
por tirar as 3 primeiras vazas em paus e continuou com oiros.
O declarante pode contar 9 vazas: 4 espadas, 3 copas e 2 oiros.
É necessário encontrar a vaza em falta para cumprir
o contrato. Uma primeira solução seria o apuramento
da 4ª copa do morto, desde que o naipe esteja distribuído
3-3 no flanco. No entanto, existe uma solução mais
simples que é a realização de 5 vazas em
trunfo em vez das 4 contabilizadas: para isso basta realizar
um corte da 3ª carta de oiros da mão do declarante
no morto. Como resultado desta manobra, o declarante realiza
na mesma 4 vazas em espadas na mão, às quais junta
mais uma vaza do corte realizado no morto! |
ª94
©V10
¨107652
§ARD8 |
|
ª532
©9763
¨DV4
§1092 |
|
ªRD108
©RD5
¨A83
§V64 |
|
O exemplo
anterior pode-nos levar a pensar que todo o segredo do carteio
em contratos trunfados, reside nos cortes. Mas nem sempre cortar
significa aumento do número de vazas:
ª762
©4 |
Com o trunfo espadas,
o declarante tem à sua disposição 5 vazas,
no naipe de trunfo, 1 copa e 1 corte a copas na mão com
menos trunfos (mão curta), para um total de 7 vazas. Sem
o poder do trunfo, o declarante conseguiria fazer apenas 6 vazas:
5 espadas e 1 copa.
Neste exemplo, o corte forneceu ao campo uma vaza suplementar. |
¨ |
ªARDV5
©A7 |
mas:
ª762
©A7 |
Com o trunfo espadas,
o declarante tem à sua disposição 5 vazas,
no naipe de trunfo e 1 copa, para um total de 6 vazas. Isto mesmo
que utilize um dos trunfos da mão comprida para efectuar
um corte em copas.
Neste exemplo, o corte não forneceu ao campo qualquer
vaza suplementar. |
¨ |
ªARDV5
©4 |
Conclusão:
Regra geral, o corte apenas gera vazas suplementares para o campo,
desde que efectuado pela mão curta, ou seja, pela mão
com menos trunfos. |
Mas, atenção! Os poderes e as
vantagens de se jogarem contratos trunfados não estão
limitados à criação de vazas suplementares
por corte. O trunfo serve também, por exemplo, para impedir
a realização de vazas de comprimento pelo campo
adversário.
Abrir
o corte
Para
poder, em determinado momento, efectuar vazas em corte é
necessário que se verifiquem dois factores: que a mão
tenha trunfos suficientes para efectuar os cortes necessários
e que estejam criadas as condições para efectuar
os cortes (ausência de cartas em determinado naipe). Abrir
o corte é, portanto, eliminar cartas de um determinado
naipe por forma a poder efectuar cortes nesse naipe. Se esta
condição for criada na mão curta, então
o campo poderá gerar vazas suplementares.
ª865
©RV963
¨A832
§V |
Se naipe de copas for
jogado como em ST, o campo realizará 6 vazas no naipe.
Se abrir o corte em espadas, que consiste em jogar 2 vezes o
naipe por forma a abrir o corte em Sul, o campo não gera
qualquer vaza suplementar, uma vez que o corte é efectuado
pela mão mais comprida em trunfo. No entanto, se abrir
o corte em paus, poderá realizar 2 vazas em corte com
os trunfos de Norte que, por ser a mão curta em trunfo,
acrescentam 2 vazas suplementares ao campo: 2 cortes para além
das 6 vazas em copas que continuarão a ser realizadas
pela mão comprida. |
¨ |
ªD3
©AD10852
¨97
§A72 |
ªV6
©9863
¨A8432
§95 |
À partida, o
declarante possui apenas 8 vazas: 5 copas, 2 oiros e 1 pau. Eventuais
cortes em oiros não irão acrescentar vazas suplementares
este pecúlio, uma vez que serão efectuados pela
mão comprida. Mas, ao abrir o corte em paus em Norte,
jogando §A e outro pau, poderá
realizar 2 cortes no naipe, mantendo as 5 vazas de copas na mão
de Sul e passando o total de vazas para 10! |
¨ |
ªD3
©ARDV10
¨R7
§A762 |
Sul joga 6©
Saída: ªV |
ªAD2
©V85
¨ARV54
§84 |
|
O declarante tem o
seu contrato assegurado, provavelmente com vaza a mais, caso
não corra riscos desnecessários: 5 copas, 5 oiros
e 3 espadas.
Neste caso, a primeira coisa a fazer é destrunfar, isto
é, tirar todos os trunfos em poder dos adversários
e, só depois, poderá jogar o naipe de oiros. Não
o fazendo, a defesa poderá vir a efectuar um corte a oiros
e o §A, derrotando o contrato. |
ªV1098
©4
¨9862
§D732 |
|
ª7653
©9765
¨10
§AV109 |
|
ªR4
©ARD102
¨D73
§R65 |
|
Sul joga 4©
Saída: ¨R |
ª54
©V63
¨972
§108752 |
|
O declarante tem 9
vazas certas: 5 copas, 2 espadas, 1 oiro e 1 pau.
A hipótese da 10ª vaza vem de um possível
corte a espadas no morto. Uma vez mais o timing vai ser decisivo.
Se, a exemplo do jogo anterior, começar por destrunfar,
a mão curta ficará sem trunfos, logo sem hipóteses
de efectuar o corte. A solução é ganhar
a vaza de saída, tirar 2 voltas de trunfo, deixando um
trunfo no morto para efectuar o corte necessário. Depois
regressa à mão no §A
para tirar o último trunfo em poder de um dos defensores
e reclama o seu contrato. |
ªV832
©752
¨RDV8
§RV |
|
ªD1097
©94
¨1065
§D943 |
|
ªAR6
©ARD108
¨A43
§A6 |
|
Sul joga 6ª
Saída: §R |
ªARD
©75
¨AD52
§A842 |
|
À primeira vista,
o declarante tem 12 vazas certas: 5 espadas, 2 copas, 4 oiros
e 1 pau.
No entanto, existe um problema para resolver: o naipe de oiros
está bloqueado, necessitando de uma comunicante exterior
ao naipe. No nosso exemplo, essa comunicante só existe
no naipe de trunfo. Uma vez mais, o timing de jogo vai ser fundamental:
ganha a vaza de saída, tira 2 voltas de trunfo, joga oiro
para a mão, desbloqueia o naipe e regressa ao morto no
último trunfo para poder usufruir das vazas de oiros.
É certo que este plano comporta riscos: se Oeste tiver
3 cartas de trunfo e o singleton em oiros, estará em condições
de derrotar o contrato. Mas este é um risco absolutamente
necessário pois, caso contrário, o contrato estará
irremediavelmente perdido... |
ª52
©D98432
¨7
§RDV9 |
|
ª943
©V106
¨1098643
§10 |
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ªV10876
©AR
¨RV
§7653 |
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Concluindo:
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Em contratos
com trunfo é prioritário destrunfar (tirar os trunfos
em poder dos adversários), excepto se:
» tal manobra impedir o desdobramento dos trunfos, impossibilitando
os cortes necessários na mão curta em trunfo.
» privar o campo das comunicantes necessárias à
realização do contrato. |
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